terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

O eterno problema da distância

O objectivo era claro: queria estar tão próximo do palco que conseguisse ver o piercing que a senhora tem no nariz. Não vi o piercing. Não vi o nariz. Quanto muito consegui vê-la no intervalo de todos os pedidos de passagem "com licença, com licença, com licença..." (há muita gente a tirar a carta de condução nesta altura, com certeza...mas ainda só têm a licença), dos saltos do sr. brasileiro que estava à minha frente ou nos pequenos períodos de afastamento do casalinho que estava igualmente perto.

Estava demasiada gente. E, apesar de toda a experiência que levo de metropolitano, não consigo gerir muito bem a inexistência de espaço. Assim que o concerto começou estranhei um pouco a voz dela. Achava-a demasiado grave. Mas fiquei muito surpreendido pelo sotaque português que dominava na perfeição. Ao final de algum tempo percebi que as letras eram todas do Miguel Gameiro (Pólo Norte) e senti-me defraudado. Mas como até sabia as letras....cá vai disto. Ah rouxinol!

Nesta fase ainda conseguia ver o palco. Aos poucos e poucos a sala foi ficando cada vez mais cheia e chegou um grupo de quatro pessoas que ainda vinham fortemente influenciados pelo espírito de Carnaval do Brasil. Quando a música recomeçou rapidamente percebi que, independentemente do que fosse tocado, iriamos ter samba. E o samba nunca esteve tão próximo de mim. Especialmente nas várias vezes que fui pisado. Nunca pensei que se conseguisse dançar em tão pouco espaço - e agradeço a lição que me foi dada - mas ao tempo a minha ideia inicial era ver o concerto e não assistir à recriação da passagem de um corso no Sambódromo.

Também vi imensos guarda chuvas no ar. Mas o concerto não foi em ambiente fechado? Sim, foi. Mas servem para as pessoas se identificarem para aqueles que chegam mais tarde poderem ir ter ao seu encontro.

"Maria, estou aqui ao pé de um senhor de casaco preto...".

"Ah está bem. Eu vou aí ter".

E seguia-se todo um conjunto de empurrões que irei guardar sempre na memória.

Sobre o concerto em si (reparem na utilização de uma nota musical no discurso...clap clap) gostei imenso! De facto aquela jovem tem uma voz de sonho! Tem carisma! :) Pena foi que não tivesse cantado algumas das músicas mais conhecidas de albuns anteriores, mas paciência. Fica para uma próxima.

Duas notas finais:
1. De certeza que ela não lê o blog. Não cantou a música que pedi. No entanto queria agradecer à rapariga que levou um cartaz e que estava perto do palco. Apesar de não ver o conteúdo do mesmo tenho a certeza que seria algo do género: "Don´t cha wanna see rissoisecroquetes.blogspot.com?" ou então "Put your hands on rissoisecroquetes.blogspot.com".

2. Não vendam tantos bilhetes para tão pouco espaço. A ideia não é criar amigos novos. É assistir a um concerto em condições.

P.

4 comentários:

Cláudia L. disse...

Pois, os concertos são sempre assim. Ou chegas bem cedo e ficas muito lá à frente ou então precisas de ter 2 metros de altura.
É uma experiência bem mais tocante (e pisante) do que ouvir no CD. :)

Pedro disse...

Pois. Para a próxima vou para lá de véspera. Fico a cantar as Janeiras ou assim.

Ainda que tenha apreciado o fundamental, i.e. a voz magnífica daquela senhora.

Estou em crer que se ela cantasse as instruções para confecção de bacalhau à braz congelado seria formidável à mesma.

Cláudia L. disse...

Eh eh, sabes que esta tua piadola fez-me lembrar a actuação do Archuleta em que o Ryan diz que até a cantar a lista telefónica o miúdo era fenomenal.
A Joss é mais receitas!

Pedro disse...

É! E acho que tem uma apetência especial por doçaria. O que eu gostava de ver aquela senhora cantar a composição de um pastel de nata.

Acho que nos podemos especializar no canto de códigos postais. Digo eu, não sei...

Não há aquela senhora que se especializou em dizer um número e depois..."mil contos" nos sorteios? Eu diria que é o mesmo.