A minha avó

As avós. As avós são mães por duas vezes. Pelo menos foi isso que me venderam na escola. Isso e rebuçados. Lembro-me melhor da parte dos rebuçados. Uma "droga" manhosa em formato de chupa chupa que a troco de 20 escudos nos era vendida. Bem, mas qual era o tema? As avós...

As avós. As avós são mães por duas vezes. E isso sente-se em cada momento. Na alegria imensa que sentem por ver e estar com os netos. Por serem parte integrante da família. Por contribuirem para que os momentos familiares aconteçam e que fiquem gravados como mais um momento na sua memória.

A minha avó Luísa acompanhou-me desde pequeno. É a ela que devo as caminhadas até à escola. É dela a primeira cara que via quando saía do colégio e que, muitas vezes, representava a minha fuga aos trabalhos que fazíamos antes de nos irem buscar (valeu avó!) apesar de que nunca se atrasava. É a pessoa com quem passava mais tempo. Com quem aprendi imenso e me diverti. Que desceu, naquela altura, à minha idade e que contribuiu, em cada momento, para desenvolver a minha personalidade.

A minha avó Luísa hoje recorda os tempos do passado. Do antigamente. Mas também vive o seu estado actual. O presente. Vive-o com paixão. Com paixão por aqueles que ainda fazem parte do seu respectivo quotidiano. Pergunta-me invariavelmente pela X. e diz-se muito muito feliz pelas nossas visitas a sua casa que está sempre impecável. A minha avó Luísa diz, e com razão, que a vida dos tempos actuais não permite que estejamos tantas vezes juntos mas que, no fundo no fundo, somos todos amigos. E somos avó. Somos muito mais do que isso.

A minha avó Luísa é simplesmente em vida uma das pessoas com maior importância na minha existência. Aos avós, a todos, que tenham sempre a atenção e reconhecimento daqueles que, como eu, tudo lhes devem no seu papel de netos. Tê-los connosco é algo que não deve nem pode ser desperdiçado. Cuidem-nos. Façam-nos sentir cada sorriso e cada momento.

Beijinhos avó.

P.