Veja lá se está bom!

É no mínimo confrangedor. E é curioso, agora que usei a palavra confrangedor, perceber que este post acaba por falar da dor de quem nem sequer pode fazer uma franja. Ufaaaaaaaassssssss, que este até a mim, que estou habituado aos jogos de palavras, me deu a volta aos neurónios!

(Pausa)...

...Cortar o cabelo a um tipo que é careca tem as suas particularidades. A pergunta fatal é feita logo ao início: "Então, como é que vai ser?". Atendendo a que um indivíduo é careca não é possível criar grandes expectativas sobre, por exemplo, tentar fazer um corte de cabelo que se assemelhe à Torre Eiffel. Simplesmente não dá. Por isso a resposta é invariavelmente: "O costume".

O costume é, antes de mais, zelar pelos poucos cabelos que se tem. Compreender que, a cada tesourada, há uma parte de nós que dificilmente volta a crescer. Depois é perceber, especialmente na parte em que se tem mesmo pouco cabelo, que não há muito a fazer ali. No fundo apare-se as pontas. É aquele cortezinho à jardineiro maricas que está a cuidar de um qualquer bonsai. Eu sou o bonsai. O maricas é quem assim quiser.

O final é dramático. É a parte em que, munido de um espelho, o cabeleireiro dá a volta a toda a nossa cabeça para mostrar o corte de cabelo. Mas mostra também a falta de cabelo. O espelho brilha mas a careca também. É ou não é brilhante, pensamos nós. E sim, claro que é.

A questão é que, a partir de uma determinada altura, assumimos quem somos. Somos assim. É genético. E convivemos bem com isso.

P.