segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Partidas & Chegadas

Este post fala sobre partidas e chegadas. Daquelas que acontecem nos aeroportos. As partidas e chegadas dos aeroportos são das poucas placas que têm direito a tradução na estrada. Basta ver na 2ª circular onde se lê "departures and arrivals". E isso é de enorme mérito. Não é por mero acaso e é revelador de um enorme estatuto.

As partidas e chegadas dos aeroportos têm algo de verdadeiramente mágico. Há um ritual associado a esse momento. Quem parte, e por maior que seja o hábito em voar, fica sempre com nervoso miudinho. Isto mesmo quando estamos a falar de adultos. Mesmo neles, crescidos, existe o nervoso miudinho. Mas regra geral as partidas estão associadas a férias ou pelo menos gosto de pensar nelas dessa forma e por isso gosto tanto de partir.

Também, para além disso, há um ritual de espera associado. Quem espera pela pessoa que chega aguarda numa sala própria. Geralmente rodeada de locais onde a comida é cara e má. E, regra geral, compartilha esse espaço com pessoas de outra nacionalidade. Ouvem-se línguas diferentes mas nem por isso se vende língua da sogra naqueles locais. Eu, pelo menos, nunca vejo língua da sogra nestes espaços.

Quem espera, espera também pelo momento desejado de ver a pessoa que acaba de chegar. Gosto de pensar naquela passadeira das chegadas como sendo uma passadeira da fama. Afinal poucos serão os sítios em que tantas pessoas esperam por nós. Mesmo que não conheçamos essas mesmas pessoas. Fazemos um gesto de agradecimento e, se tal se proporcionar, damos autógrafos. Se nada disto acontecer, cumprimentamos a família e amigos. E isso é o bastante.

O que mais aprecio no aeroporto são os ecrans de informação. Aqueles em que ficamos a saber o estado do voo. Aquele monitor representa os nossos sonhos. Vemos os inúmeros locais de voo possíveis e pensamos: "Não me lembro nada de ter tido esta sensação quando esperei pela minha prima que vinha de Samora Correia pela CP". O que está em causa não é a prima. É mesmo que Samora Correia, ainda que seja uma terra que me merece todo o respeito, não tem o mesmo brilhantismo que um voo oriundo de Paris.

Este ano vou comprar um ecran destes lá para casa e adaptar à realidade doméstica. Alguns exemplos seriam:

. Última vida de Super Mario termina em 3 minutos;

. Comida em descongelação termina em 5 minutos;

. O leite fica morninho em apenas 30 segundos.

Sim, vou tratar disto.

P.

1 comentário:

Spaceman Spiff disse...

E quando estão à nossa espera com um papelinho que diz "Mr. Spaceman Spiff", não é para nos sentirmos importantes!? Mesmo que no fim ele nos peça propina em vez de autografos!