...em que tudo parece estar virado ao contrário. Em que acordamos às 05h30 cientes do que temos para fazer e dos timings que temos para cumprir. Em que para não perder tempo nem saímos de casa e nos refugiamos num sítio calmo e tranquilo que nos permita pensar e executar tudo o mais depressa possível.
Em que, ao trabalho normal de final de ano, se somam outras atividades morosas e a necessidade premente de fechar as negociatas com as grandes superfícies. Em que o feedback que pedimos demorou 10 dias para ser obtido e o retorno que nos é exigido não pode esperar mais do que 4 horas sob pena de sermos retirados do local que afinal de contas até pagamos para poder estar presentes.
Em que a hora do pequeno almoço e do almoço são passadas à frente do computador sem ter tempo para delas poder desfrutar (ainda que sozinho...).
Em que ligamos a televisão e nos deparamos com as desgraças do mundo real nas Tardes da Júlia. E desligamos o televisor.
Em que recebemos uma mensagem em como os óculos estão prontos e tentamos fechar os temas pendentes para sair o mais depressa possível de casa. Nisto apanhamos um trânsito de todo o tamanho, não sem antes, termos o carro a apitar por todos os lados. Porque não tem gasolina e porque eu não pus o cinto.
Em que, por força do trânsito, vamos para um centro comercial para ver como estão as coisas do trabalho e deixamos os óculos para um outro dia. Para dar um último apoio à equipa de vendas no final do ano. Em que temos de pedir licença para andar porque está tanta gente que não se consegue sequer respirar. E paramos numa loja para comprar um jogo que até está esgotado e que só encontro numa outra loja, isto já depois de uma máquina Multibanco ter gritado em alto e bom som "Retire o seu dinheiro!" quando só tem notas altas para nos entregar.
E regressamos a casa. Com o apito constante do automóvel. E com uma fome desgraçada que só termina quando se ingere uma sandes de ovo em que a omolete é 15 vezes maior que o pão. E só depois me lembro que, por força da prevenção, devia comer apenas um ovo por semana e que sendo a omolete tão grande, esta me bate no nariz enquanto a tento ingerir.
Em que simplesmente pensamos e dizemos: "Fogo, que merda...!". Porque os palavrões também são para serem usados.
O que vale é que, no entretanto, e depois de já ter atendido mais umas quantas vezes a malta do Holmes Place que continuamente me liga a dizer que tem o programa de fitness ideal para mim - eu não pedi nada, senhores! - e de um nossos quadros com fotografias de Barcelona ter caído da parede, sei que a partir do momento em que acabar de escrever este texto o meu dia vai melhorar significativamente. Porque é a possibilidade que tenho de, daqui para a frente, estar com os amigos num qualquer restaurante em Lisboa. E isso não perco por nada.
P.
1 comentário:
Obrigado uma vez mais pela tua presença! Um grande abraco!
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