Estás tão diferente!

Sim, estou. Muito diferente mesmo. Quando, a partir dos 18 anos, se começa a perder cabelo a diferença faz-se notar ano após ano nas fotografias, nos vídeos e no reflexo que vejo no espelho. Sobre a carequice (gosto de lhe chamar assim) existem duas perspectivas muito distintas: a primeira assume que, a partir do momento em que uma pessoa se considera despenteada, é sinal de que (ainda) tem cabelo; a segunda é aquela em que a pessoa assume claramente que é careca e abrevia caminho. Rapa o cabelo e acaba por assumir essa condição.

Acreditem que não é fácil quando se começa a perder o cabelo. A auto-estima vai-se abaixo em dois tempos até porque se deixa de poder usar ganchos e molas. Uma pena. Mas, depois de inúmeros tratamentos e insucessos, percebemos que é uma condição irreversível e com a qual temos de lidar. E se assim é passamos a gozar com ela para nos sentirmos melhor. Eu penso assim. Mais vale rir-me do que iludir-me sobre esta matéria (não é de hoje, é de sempre).

Já estive bastante mais longe de assumir a segunda condição. De chegar ao cabeleireiro e pedir para rapar o cabelo. Talvez num dia próximo. Logo se vê. Até porque foi a partir do momento em que o Andre Agassi passou a assumir a carequice que se tornou um melhor tenista. Só pode existir uma relação direta entre as duas coisas, não acham?

P.