O título pode ser extraordinariamente enganador. Sim, eu sei. E se calhar até é. Mas foi o que me se me ocorreu para vos falar do final de tarde de ontem.
A primeira nota que quero deixar é que a minha dentista tem mãos de fada. É de uma delicadeza extrema que começa logo quando pergunta ao paciente:
"Ainda se lembra como é que isto funciona?"
"Sim, sim. Lembro-me que tenho de estar totalmente quieto e não falar, gritar, espernear e afins."
"Simmmm. Mas e se quiser parar, o que é que faz?"
"Oraaaaaaa....deixe cá ver....faço um gesto a pedir para parar, é isso? Ou, numa manobra da diversão, peço-lhe o comando da televisão para fazer zapping na televisão?"
"É a primeira, senhor."
"Ah, ok."
Lembro-me bem que, quando ia a outra médica para tratar das favolas, esta nunca respeitava os meus sinais. Sinais esses que me pareceram sempre extremamente claros ao ponto de não poucas vezes ter pensado o exibir o dedo do meio da mão direita ou esquerda (para o caso é indiferente) para lhe fazer sentir que já tinha tido melhores momentos na minha vida. Das duas uma: ou não via (o que era mau considerando que tinha um conjunto enorme de peças de metal dentro da minha boca e uma vez chegaram a enfiar-me o aspirador no nariz para aspirar a ....boca!) ou então ignorava. E qualquer uma delas era bastante perigosa, diga-se de passagem.
A segunda nota é que desta vez saí de lá com a sensação de ter ido à guerra. Coisa aliás que nunca fiz na vida. Não é normal - porque não é - que decorridas algumas horas sobre a investida continue com a sensação desconfortável de quem sente que esteve a ser picado durante largos minutos como se estivessem a fazer obras no metro. E nesse particular, se eventualmente for uma estação de metro, então também agradecia que uma qualquer empresa me patrocinasse e desse o seu nome. É que, não deixa de ser incrível que por 15 minutos de consulta tenha lá deixado ficar o dinheiro que recebo por um dia de trabalho.
Coisas da vida. Mas que não fazem sentido....não fazem. Eu também estudei, sim?
P.
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