terça-feira, 3 de junho de 2014

Avó

A minha avó Luísa deixou-nos há cerca de 2 meses. Não há um dia que passe sem pensar nela afogado num mar de saudades.

A avó levou-me ao colégio.
A avó trazia-me do colégio.
A avó esperava por mim, à saída do colégio, quando eu saía felicíssimo porque conseguia ganhar os concursos de matemática. 
A avó esperava por mim, à saída do colégio, e dava-me apoio porque eu sempre fui péssimo em trabalhos manuais e a avó Gi (a mãe da proprietária do colégio) teimava em fazer com que todos nós fossemos costureiros de profissão.
A avó preparava os almoços, lanches e jantares com uma dedicação extrema. 
A avó barrava o pão com marmelada (que eu adoro!) com uma precisão e fineza que contrasta com a forma apressada e desorganizada que eu uso. Eu não barro. Coloco lascas de marmelada em cima do pão.
A avó acompanhava as nossas conversas. Conversas sobre os amigos, família e sobre o dia a dia com uma atenção impar.
A avó tinha uma paixão inesgotável pela filha.
A avó ria-se das piadas dos netos.
A avó participava nas brincadeiras das bisnetas. Escondia-se atrás das cortinas.
A avó acompanhou-nos nos estudos. Só não nos ajudava a fazer equações porque não sabia. Mas equacionava, de forma invulgar, tudo aquilo que nos desse a tranquilidade necessária para sermos bem sucedidos. E somos.
A avó gostava de me ver sem barba. Perguntava sempre: "Então essa barba, não se faz?"
A avó perguntava sempre pela Xaninha quando, por alguma razão, não estávamos juntos.
A avó subia as escadas do nosso prédio todos os dias. Mesmo que lhe custasse. Com uma determinação e garra que sempre nos mostrou que podemos sempre chegar mais longe.
A avó ia connosco de férias. Muitas vezes. E algumas vezes atrevia-se a ir ao mar. E numa dessas vezes perdeu os óculos nas ondas do mar numa cambalhota que ficou para a eternidade.
A avó trocava o nome dos netos. Mas não trocava o amor que nutria por eles por nada.
A avó tropeçava com regularidade mesmo quando o chão era liso. Eu sempre tive dificuldades em usar chinelos sem tropeçar. Porque será?
A avó fazia malha e renda com uma qualidade invejável.
A avó adorava animais. Amou o Nico. Amou a Catarina.
A avó, quando batiam à nossa porta, dizia-nos baixinho: "Não está ninguém!". Tudo para nos proteger.

A avó foi, é e será sempre a pessoa mais generosa que alguma vez conheci, conheço e conhecerei. De uma bondade sem limites. E eu tenho a certeza que no dia dos meus anos, a 22 de Maio, ela foi a primeira pessoa que me desejou os parabéns. Às 06h30 acordou-me e deu-me um beijinho.

A avó Luisa era simplesmente avó. Porque só isso bastava para ser ela. Inigualável.

Eternas saudades. Um eterno amor.

P.

6 comentários:

Xana disse...

Que homenagem tão bonita.
A Dª. Maria Luísa era uma grande senhora e uma grande avó. Com o tamanho do amor que tinha por ti, irá continuar a acompanhar-te sempre.
Beijinho grande

andreices disse...

ADORO! A minha avó felizmente ainda é viva, mas revi no teu texto momentos tão felizes da minha infância com ela. :) Obrigada por isso! :) Um beijinhos à "avó Luísa", à minha avó e a todas as queridas avós por esse mundo fora.

Cláudia L. disse...

Muito amor em cada palavra. ♥♥♥

Anónimo disse...

:)

MO

Madrecita disse...

Esteja ela onde estiver,estará sempre connosco, para "tomar conta" de nós. ♥♥
Beijinhos.

Pedro disse...

:)

Obrigado pelas mensagens.

P.